NÃO, NÃO SOU SEGURANÇA!!!- 26/03/10
O Fórum Urbano Mundial da ONU, que ora está sendo realizado na cidade do Rio de Janeiro, se propõe a discutir as diferenças nas cidades. De acordo com a mais recente pesquisa apresentada pela ONU, um total de 227 milhões de pessoas no mundo deixou as favelas desde o ano 2000. Porém, o número absoluto de moradores de favelas aumentou de 776,7 milhões em 2000 para 827,6 milhões em 2010. Isto significa que 55 milhões de novos moradores de favelas somaram-se à população urbana global desde 2000.
São mais de 20 mil pessoas inscritas neste evento. Temas como a situação das mulheres e dos jovens, juntamente com as questões de segurança estão entre os assuntos mais recorrentes e as palestras mais concorridas entre os participantes dos mais variados locais do mundo. Estou participando deste evento a convite de uma ONG internacional, que, prudentemente, pediu para que fôssemos fazer as inscrições um dia antes do início do fórum.
No domingo, dirigi-me a um grande galpão no cais do porto do Rio de Janeiro, juntamente com um grupo de estrangeiros e brasileiros, em sua maioria das regiões Sul e Sudeste. Um desses brasileiros era um amigo gaúcho que fez a sua inscrição antes de mim. Em seguida me contou que havia sido atendido por uma jovem que pensou que ele era um europeu, devido ao seu biótipo, e começou um dialogo em língua inglesa. Ao perceber que se tratava de um brasileiro, cordialmente pediu desculpas e passou a falar em português.
Coincidentemente, quando chegou a minha vez de fazer a inscrição, fui à cabine da mesma jovem que havia atendido o meu amigo. Ela, ao ver-me (com cara de índio e cor de descendente de negro), antes mesmo de dirigir qualquer cumprimento, disse: “O guichê de cadastramento dos seguranças é do outro lado”.
Logo percebi que o desafio desse fórum vai muito além de transformar o cenário paisagístico das favelas por meio de ações urbanistas, tendo que focalizar um árduo trabalho com o ser humano, inicialmente através da mudança de atitudes preconceituosas, não só com os moradores das favelas, mas com todos aqueles que estampam em sua cútis a cor do preconceito.
Texto: Plauto Roberto de Lima Ferreira (foto) – Oficial da Polícia Militar do Ceará e Membro da American Friends Service Committee.
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